Este artigo foi escrito pela estudante do curso de Psicologia da PUC-SP, que é também integrante da júnior com o cargo de consultora de marketing, Gabriela Knoploch Figer!
O nível de produtividade da sua equipe anda baixo? Até quando? Já ouviu falar na Teoria de Maslow? Ela pode ser uma ferramenta para você!!
Do que se trata essa teoria?
Abraham Harold Maslow, psicólogo americano, criou uma estrutura de hierarquia para as necessidades humanas. Essa teoria sugere que as necessidades podem ser colocadas em forma de pirâmide e, portanto, dispõem de uma ordem de importância, em cuja base situam-se as necessidades mais básicas e no topo as mais elevadas. Este modelo sugere que nós, seres humanos, somos motivados em satisfazer cinco necessidades básicas: fisiológicas, de segurança, social, de autoestima e de realizações pessoais. Ou seja, as necessidades fisiológicas são as mais básicas, as mais prementes e demandam um nível mínimo de satisfação para a sobrevivência do homem. Por consequência, no topo da pirâmide estão as necessidades de realização pessoal.
A teoria de Maslow, parte do princípio que, à medida em que os seres humanos vão sanando suas demandas mais básicas, vão subindo na hierarquia de necessidades, adquirindo outras cada vez mais complexas. Somente quando as necessidades de um nível inferior são atendidas é que passamos para as do próximo nível. Seguimos assim até chegarmos no topo. Ou seja, se eu precisar carecer minhas necessidades básicas, logo fisiológicas, não irei em busca de estima até que sane essa falta primária. Isto significa que, no momento em que o indivíduo realiza uma necessidade, surge outra em seu lugar, exigindo sempre que as pessoas busquem meios para satisfazê-las. Poucas pessoas, ou até mesmo nenhuma, buscam reconhecimento pessoal e status se suas necessidades básicas estiverem insatisfeitas.
Como a teoria da hierarquia das necessidades pode ser aplicada no trabalho e nas relações corporativas?
Aqueles que saciam, mesmo que minimamente, suas necessidades mais básicas, ganham motivação e inspiração ao faze-lo. Além disso, com certas necessidades já satisfeitas, é possível focar nas camadas superiores da pirâmide. Por conta disso, essa teoria pode ser uma boa ferramenta para uma melhor produção no meio corporativo. As cinco necessidades hierarquizadas por Maslow, bem como suas explicações e exemplos no meio de trabalho encontram-se a seguir:
1 – Necessidades fisiológicas: Encontram-se na base da pirâmide. Referem-se as necessidades mais básicas do ser humano, como ser biológico. Alguns exemplos são as necessidades de manter-se vivo, de respirar, comer, descansar, beber, dormir, etc. No ambiente de trabalho essas necessidades podem ser convertidas em preocupação com o conforto físico, intervalos de trabalho, alimentação dos funcionários, etc.
2 – Necessidades de segurança: São aquelas que estão vinculadas com o sentimento de segurança do seu corpo, de recursos, da mortalidade, da família, da saúde, da propriedade, do emprego, etc. No trabalho, alguns exemplos do que pode satisfazer essas necessidades são um emprego estável, plano de saúde, seguro de vida e condições seguras no geral.
3 – Necessidades sociais: São as necessidades de manter relações humanas com harmonia. Diz respeito a carência do ser humano de pertencer, de ser visto e apreciado, de sentir-se parte de um grupo. Isso inclui, familiares, amigos, relações amorosas, etc. No trabalho, conquistar amizades, manter boas relações, ter superiores gentis, são condições necessárias para suprir essa necessidade. É papel da empresa criar um clima adequado, no qual os funcionários possam desenvolver todo o seu potencial e proporcionar um ambiente de trabalho que garanta oportunidades de socialização em equipe.
4 – Necessidades de estima: Aqui entra, tanto a necessidade de reconhecimento das nossas capacidades por nós mesmos, quanto o reconhecimento dos outros da nossa capacidade. Portanto, a estima inclui o respeito dos outros e aos outros. Em geral, é a necessidade de sentir-se digno, respeitado, prestigiado, reconhecido, orgulhoso, etc. Incluem-se também as necessidades de autoestima e confiança. No trabalho, os funcionários precisam sentir que estão fazendo um bom trabalho e que são reconhecidos por seus esforços. Oferecer novas oportunidades de carreira, delegar tarefas especiais, proporcionar treinamentos, fazer elogios, aumentar salários, envolver em tomadas de decisão, entre outras ações, pode saciar essa necessidade nos funcionários.
5 – Necessidades de auto-realização: No topo da pirâmide, a auto-realização significa o aproveitamento das capacidades através da criatividade e espontaneidade. Quando o indivíduo consegue aproveitar todo o potencial de si próprio, com auto controle de suas ações e independência, tendo a capacidade de fazer aquilo que gosta e que é apto a fazer. “Um músico deve compor, um artista deve pintar, um poeta deve escrever, caso pretendam deixar seu coração em paz. O que um homem pode ser, ele deve ser. A essa necessidade podemos dar o nome de auto-realização.” Abraham Harold Maslow (1908 – 1970). No ambiente de trabalho a influencia de criar algo novo, usar a espontaneidade e autonomia, pode instigar esse potencial.
Aspectos a se considerar sobre a hierarquia de necessidades de Maslow:
1 – Para alcançar uma nova etapa, a anterior deve estar satisfeita, ao menos parcialmente. Isto se dá uma vez que, quando satisfeita, a etapa deixa de ser o elemento motivador do comportamento, fazendo com que outra necessidade tenha destaque como motivação.
2 – Os quatro primeiros níveis destas necessidades podem ser satisfeitos por aspectos extrínsecos (externos) ao ser humano, e não apenas por sua vontade.
3 – A necessidade de auto-realização nunca é saciada, ou seja, quanto mais se sacia, mais a necessidade aumenta.
4 – Acredita-se que as necessidades fisiológicas já nascem com o indivíduo. As outras mostradas se adquirem com o tempo.
5 – As necessidades primárias, ou básicas, se satisfazem mais rapidamente que as necessidades secundárias, ou superiores.
6 – O indivíduo será sempre motivado pelas necessidades que se apresentarem mais importantes para ele naquele momento.
E se a teoria de Maslow estivesse errada?
Matthew Lieberman notou que a Teoria da Hierarquia de Abraham Maslow pode estar errada. Estudos agora mostram que o cérebro equaliza necessidades sociais para sobrevivência e que sentir fome ou estar fora da sociedade ativam respostas neurais similares. Isso foi comprovado no estudo “Does Rejection Hurt? An fMRI Study of Social Exclusion” de neuroimagem, em que foram examinados os correlatos neurais da exclusão social. A hipótese de que as bases cerebrais da dor social são semelhantes às da dor física foram testadas. Lieberman também sugere que as necessidades de cuidado e conexão com outros seres humanos são mais básicas do que até as necessidades fisiológicas. Isso porque o ser humano nasce indefeso e totalmente dependente de outros para sua sobrevivência.
Além disso, hoje em dia, muito se discute sobre a veracidade da teoria de Maslow sob perspectiva da sociedade pós-moderna, já que Maslow viveu em um mundo onde não havia a tecnologia de hoje. Nossas necessidades tornaram-se progressivamente mais complexas e abrangem diferentes âmbitos de interação social e cultural por consequência da tecnologia. Após o surgimento da internet na década de 90, as definições de “necessidades” foram atualizadas. Em pouco mais de 30 anos de vida, o aparelho celular se transformou em algo indispensável para quem deseja estar conectado com o mundo, a utilização do aparelho está enraizado e consequentemente se tornou uma parte de nós. Para Solon Cordeio de Araujo. Eng. Agr. MBA Executivo de Marketing, as novas necessidades não substituem, mas complementam a pirâmide de Maslow, “O automóvel, celular, computador, são desejos e instrumentos de trabalho e lazer e podem ser encaixadas como uma forma de extensão de alguma das necessidades ali contempladas… Poderemos encaixar o telefone celular como uma ferramenta para atingir a necessidade básica de alimentação, no primeiro patamar da pirâmide, se ele for usado como instrumento de trabalho que vai gerar renda para comprar alimentos. Será enquadrado como ferramenta do segundo patamar se for usado para aumentar a segurança e como ferramenta do terceiro ou quarto estrato se for usado por uma pessoa simplesmente para “pertencer ao grupo”, para não destoar do grupo social…”(CORDEIRO, 2008). Ou seja, a tecnologia se tornou um instrumento para ajudar a satisfazer uma ou mais necessidades, podendo complementar cada nível da pirâmide.
Existe também a questão de que o comportamento de uma pessoa pode se concentrar em mais de uma necessidade ao mesmo tempo. Maslow viveu em uma época muito diferente. Com a globalização, a tecnologia trouxe outra forma de ver o mundo, a de querer tudo, toda a hora e ao mesmo tempo. Passamos a ver as coisas com rapidez, o tempo online passa muito mais rápido do que o da natureza. Nos cansamos rápido das coisas e buscamos o novo, até que este canse também. O mesmo fazemos com nossas necessidades, buscamos elas com muita rapidez e, as vezes, mais de uma ao mesmo tempo.
Com a pandemia do novo Coronavírus, podemos questionar também, a proposta de que os níveis anteriores devem estar preenchidos para buscarmos os superiores da pirâmide. Isso porque, mesmo com nossas relações sociais precárias no momento, continuamos em busca da estima e realização pessoal.
Todos esses questionamentos da teoria, são razões pelas quais, embora as necessidades sejam descritas como hierárquicas, a aplicação do modelo de Maslow não precisa ser tão rígida. Mesmo que incongruente em alguns pontos, a Teoria de Maslow continua sendo um instrumento capaz de proporcionar varias reflexões sobre as necessidades humanas. Podemos questionar que nós, seres humanos, temos uma disposição de querer sempre mais. E é isso que nos faz acordar todos os dias: A busca por algo. A teoria da hierarquia das necessidades é a mais importante das explicações modernas sobre o porquê da motivação que as pessoas sentem. Isso ocorre essencialmente pelas necessidades humanas e, quanto mais forte a necessidade, maior é a motivação para realiza-la. É realizando suas necessidades, mesmo que básicas, que se encontra motivação para realizar as próximas que aparecerem. O que nos mantém vivos é a motivação, esse estado interior que nos induz a assumir determinados tipos de comportamentos. É através dela que buscamos diariamente a autorealização e concretização dos sonhos. O desejo e a insatisfação são molas propulsoras que instigam e influenciam o individuo na busca pela satisfação.
Referências:
CAMARGO, D. Psicologia Organizacional. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração/UFSC; [Brasília]: CAPES: UAB, 2009. Pág 43-48.
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 2. ed. Compacta. Rio de Janeiro: Campus, 2000. (Edição compacta).
MASLOW, A. H. Introdução à Psicologia do Ser. 2.ed. Rio de Janeiro: Eldorado, s/d.
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GRANCURSOSONLINE. Teoria de Maslow: Conceitos na administração. Disponível em: https://blog.grancursosonline.com.br/teoria-de-maslow/. Acesso em 7 jun. 2021.
BONA, André. Pirâmide de Maslow: por que todos os profissionais deveriam conhecê-la?. Disponível em: https://andrebona.com.br/piramide-de-maslow-por-que-todos-os-profissionais-deveriam-conhece-la/#:~:text=Conhecida%20por%20Pir%C3%A2mide%20de%20Maslow,autoestima%20e%20de%20realiza%C3%A7%C3%B5es%20pessoais. Acesso em: 8 jun. 2021.
CORDEIRO DE ARAUJO, Solon. Pirâmide de Maslow: ainda é atual ou está ultrapassada? 2008. Disponível em: http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/piramide-de-maslow-ainda-e-atual-ou-esta-ultrapassada/22644/. Acesso em: 19 de junho 2021.
FRAZÃO, Lilian Meyer. Clínica, a Relação Psicoterapêutica e o Manejo Em Gestalt. Vol 3. Summus Editorial; 7 de abril de 2015.
MEDIUM. Jéssica Tortelli. As novas “necessidades” que complementam a hierarquia da pirâmide de Maslow. Disponível em: https://medium.com/@jssicatortelli/as-novas-necessidades-que-complementam-a-hierarquia-da-pir%C3%A2mide-de-maslow-cd98c3ec05c5. Acesso em 19 de jun. 2021.