Este artigo foi escrito pela estudante do curso de Psicologia da PUC-SP, que é também integrante da júnior com o cargo de consultora de comercial, Julia Orfali Ogawa , para ser publicado com exclusividade aqui no blog da PsicoPucJr!
11680 pessoas morrem, por ano, vítimas de suicídio no Brasil. 32 vidas são perdidas, por dia, vítimas de suicídio no Brasil. 1 indivíduo morre, a cada 45 minutos,vítima de suicídio no Brasil (dados do CVV. Ligue 188).
Mas o que é, afinal, o suicídio?
A palavra vem do latim; significa assassinato de si mesmo, no sentido do ato de tirar a própria vida. Mas, quando refletimos, percebemos que esta palavra porta um significado parcial, já que diz respeito apenas à ação de encerrar a vida. Se encerra, é conclusão; logo, houve um processo que levou a isso. No entanto, na maior parte das vezes esse processo não é evidente, pois se dá no cotidiano, em situações aparentemente banais que, por um motivo ou outro, levam a pessoa a se sentir esquecida, ignorada, escanteada. Há também a presença de sentimentos ambíguos e de dois instintos conflituosos: o de tirar a própria vida e o de lutar por ela.
O que leva, então, uma pessoa a tirar a própria vida?
Os motivos individuais são diversos e singulares, pois dependem das histórias de vida de cada um. No entanto, muitos dos sentimentos são comuns e têm relação com retirar as pressões ambientais, que geram culpa, remorso, sentimento de desvalorização e humilhação, medo e fracasso. Quem chega a realizar o ato de suicidar-se muito provavelmente já conversou com alguém sobre a falta de vontade de viver e sobre seus pensamentos.
É suicida ou está nessa condição?
É importante ressaltar que o suicídio é um processo; como todo processo ele pode ser interrompido e, como a maioria, pode ser revertido. A maior capacidade do ser humano é a sua maleabilidade: não somos seres fixos e podemos mudar de ideia. Portanto, não se é suicida, mas está nessa condição. De acordo com a Teoria das Pulsões, de Sigmund Freud, todos os seres humanos possuem duas pulsões: a de vida e a de morte. Esta nos estimula ao retorno à matéria; aquela, à sobrevivência. É, portanto, natural ao ser humano ter dois tipos de pensamento, o que nos leva à destruição e o que nos leva à construção. Também somos dotados de liberdade de escolha. Portanto, quem pensa seriamente em suicidar-se está fragilizado e não enxerga uma saída para a sua atual situação, ou seja, se vê privado de uma possibilidade de escolha.
O suicídio é egoísmo?
Não. O que acontece é que o indivíduo se vê em um beco sem saída e, ao mesmo tempo em que está fragilizado, encontra dificuldade em pedir ajuda, é como se houvesse ruído entre ele e o mundo ao seu redor. O sentimento comum é o de rejeição, o de insignificância; há inúmeros sobreviventes que contam achar que não iam fazer falta alguma, que se sentiam um fardo para a família, ou que o mundo seria melhor sem eles. Ressalta-se que os suicídios, na maioria das vezes, estão vinculados a doenças mentais, como a depressão (90% dos casos) e/ou a períodos de crise.
Qual o impacto social do suicídio?
De acordo com o CVV, cada suicídio afeta diretamente de seis a dez pessoas em média, causando imenso sofrimento. Quem fica, passa pela dor do luto que, dependendo da gravidade do dano causado, pode culminar com diversos processos, inclusive o de depressão. Inevitavelmente surge a culpa entre os familiares e amigos, que se perguntam o que deveriam ter feito para evitar essa morte.
O suicídio pode ser prevenido?
90% dos casos de suicídio podem ser prevenidos, de acordo com a OMS. Como? Escutar é dar voz, é permitir ação. Se permite ação, permite movimento. Se permite movimento, faz com que o indivíduo saia de sua posição inicial e encontre uma saída. Escutar é um ato de humanidade, é um gesto de carinho. Se a pessoa recebe esse gesto, realiza então que não está isolada e que pode sim contar com outras pessoas. Pergunte àquele amigo com quem você não fala há um tempo se está tudo bem. Escute o que ele tem a falar. Não tenha medo de dizer que está com saudade e que ele é importante para você. Ofereça ajuda. Há grupos como o Centro de Valorização à Vida (LIGUE 188) que funcionam 24 horas, grupos nas redes sociais que prestam apoio. Existe solução. Cada vida importa.
Referências:
https://radis.ensp.fiocruz.br/index.php/home/entrevista/estamos-vivendo-um-novo-luto , acessado em 13/09/20
https://www.far.fiocruz.br/wp-content/uploads/2018/09/Falando-abertamente-sobre-suicidio.pdf , acessado em 13/09/20
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/ep/n34/n34a09.pdf , acessado em 13/09/20
https://etimologia.com.br/suicidio/ , acessado em 13/09/20
https://www.youtube.com/watch?v=djU7rduvo6s , acessado em 13/09/20
o tema realmente e bastante importante porque nos tras uma reflexao do quao e o nosso ego, desde a formacao da personalidade, salientar que o suicidio no contexto africano e em particular Mocambicano e vista como algo misterioso.
Julia,
Excelente abordagem para um tema complexo e importante de ser conhecido.
O texto é claro , objetivo e facilita a compreensão deste assunto tão importante.
Carmen Silvia R. K.