Carreira e protagonismo: quais as competências do profissional do futuro

Laura Fontana tem 17 anos de experiência em RH e atualmente trabalha como coordenadora de Cultura & Design LATAM na TIVIT. É pós-graduada em Gestão Estratégica de Pessoas, é diretora de carreiras no Instituto Bússola Jovem, consultora de carreira e RH, professora de Cultura e Clima no Grupo Throca e palestrante nos temas: RH Ágil, Linkedin, carreiras e clima.

É com grande prazer que compartilhamos com vocês a conversa sobre carreira e protagonismo nos tempos atuais que tivemos com ela.

O conceito de carreira tem mudado ao longo dos últimos anos. Como poderíamos defini-lo atualmente? Como você tem trabalhado com essa temática?

A carreira resume toda a trajetória profissional de uma pessoa. E aqui se faz necessário ressaltar que não está atrelada a CLT, mas sim em como você trilha um caminho, que pode ser também como autônomo ou empreendedor.

Em ambiente corporativo, atuamos apoiando o colaborador a ter uma melhor experiência, desde níveis entrantes até mais experientes, através de programas de desenvolvimento, seja do líder, que está diretamente em contato constante e pode trazer ferramentas para facilitar esse progresso (como o feedfoward, coaching e mentoria) tanto quanto ao próprio colaborador (com projetos com foco em levar do ponto A ao B, trazendo protagonismo de carreira dispondo de treinamentos e deixando que ele escolha quais tem interesse ou acredita que irão levá-lo mais próximo de seu objetivo pessoal e profissional).

Quais as competências necessárias para quem está iniciando a vida profissional?

Protagonismo: ter a iniciativa e atitude para mudar cenários ou sugerir melhorias, sem esperar pelo líder ou pela organização;

Senso de dono: ter visão de que o todo é mais importante que o indivíduo e trabalhar cuidando não só do seu trabalho/projeto, mas para o bem do time e da organização;

Comunicação: já dizia o ditado “quem não se comunica, se trumbica”, é preciso verdadeira empatia para entender que o outro não necessariamente está na sua mente e entenderá plenamente aquilo que é óbvio para você. Não podemos esquecer também que mais importante do que “o que” você está falando, é o “como”.

Learning agility: Aprender rápido. Estar aberto e conectado a tudo aquilo que pode ser relevante para a sua área de atuação e ter a capacidade de tangibilizar em ações na sua rotina.

Você acha que as universidades acompanham a realidade do mercado de trabalho? Se acha que não, o que poderia ser feito?

Acredito que ainda há uma grande lacuna entre a grade de ensino das universidades e a realidade aplicada no dia a dia das empresas. Para mim, precisamos sair do papel de professor para facilitador. De alguém que transmite conceitos e conteúdos, para aqueles que convidam todos a uma cocriação. Presumir que todos possuem conhecimento e querem compartilhar o que sabem. Basta um convite! Isso enquanto corpo docente.

Já para as universidades em si, acredito que se conectar um pouco mais a novos modelos de ensino, às próprias organizações, adequando constantemente a realidade ao que é pedido aos professores.

Há muitas iniciativas fora do Brasil que já despontam em resultados por trazerem esse contexto.
Às vezes parece que há uma resistência à mudança. Mas, se há algo que é certo na vida, é que tudo muda, o tempo todo.

Com as mudanças no mercado de trabalho e constante revolução tecnológica, temos visto uma tendência nas empresas de não olhar tanto para a formação do candidato, privilegiando as suas competências.  Como as empresas lidam com isso e como os jovens devem se preparar?

Acredito que estamos vivenciando uma transição, onde isso passará a ser realidade.

Mais importante do que os conhecimentos que você adquiriu ao longo da sua carreira, o como você experienciou os desafios que teve e os seus resultados obtidos, contarão mais do que um diploma. Não que isso não seja relevante, mas a prática é mais relevante do que a teoria, no momento em que a vivência te traz indicadores do que é possível dar certo e o que não, de verdade! Claro é que não podemos generalizar, como áreas da saúde, por exemplo.

O importante, para quem migra de área, sendo mais específica, é fazer as correlações necessárias rapidamente. Muito se fala do learning agility e do mindset de agilidade, o que pra mim traduziria perfeitamente esse fenômeno: pessoas que aprendem rápido com seus erros e imergem profundamente nos desafios que lhe são apresentados.

Você acredita que no futuro teremos tendência a buscar carreiras disruptivas, profissionais seguindo mais de uma carreira simultaneamente, em detrimento de profissões e carreiras mais tradicionais?

Isso pra mim já é uma realidade. Eu mesma atuo em uma corporação e em paralelo tenho minha consultoria de carreira e RH. O profissional do futuro é altamente conectado a propósito: se faz sentido, se se vê progredindo e mais do que isso, melhorando o ambiente que está inserido e, consequentemente, a vida das pessoas, não se restringirá a um CNPJ. A fome por conhecimento e colaboração é uma crescente. Acredito que a internet impulsione isso. As pessoas estão mudando e as relações acompanham essa vertente, inclusive em ambiente profissional.

Há o desconforto de ficar amarrado à uma única iniciativa. A busca cada vez mais por propósito, por mais multidisciplinaridade e entendimento do seu próprio potencial? EU sou só RH? Não posso também ser marketing? Motorista de App? Professor? Personal Trainer?

Como nós, integrantes de uma Empresa Júnior, e os profissionais de RH no geral devemos nos preparar para todas essas mudanças? Como fazer um plano de carreira?

Propósito gera engajamento, engajamento leva a resultados. Comecem pelo porquê de vocês e tenham isso como direcionador. Sejam pilotos de seus próprios aviões.

Sabendo o porquê conectem-se a outras pessoas/empresas que já chegaram onde vocês querem chegar para trocar ideia sobre o como, estejam conectados a tendências e façam o plano olhando pra 70:20:10 (Aprendemos 70% – on the job, mão na massa, 20% – pessoas que possam dar mentoria pra vocês ou que façam as perguntas certas e, 10% – treinamentos necessários para impulsionar a chegada).

Além das perguntas acima, há alguma questão relevante que você gostaria de abordar?

Cada um tem a sua trajetória, histórias e anseios pessoais. Você não precisa ser o que o outro porque você é você! Respeite a sua história e vá ao seu passo. Tenha compaixão primeiro consigo mesmo!

A gente vê muita gente de sucesso, que sabe de tudo, que fala de tudo. Você não precisa ser essa pessoa para ter sucesso. Você tem que definir o que é sucesso pra você e viver isso!

1 comentário em “Carreira e protagonismo: quais as competências do profissional do futuro”

  1. Matéria fantástica! Eu estou neste cenário, vivendo esse protagonismo! Trilhando meu propósito, e fazendo o que eu acredito, o que eu vivo e o que eu quero levar de legado … Desenvolver pessoas e desenvolver a mim mesma!
    #protagobismo

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