Caí de paraquedas no mundo do RH! E agora?

Acontece com muita gente. Não estamos sempre dispostos a ter certas experiências durante a graduação em uma área em particular, mas quando nos formamos nos encontramos naquela atividade e nos perguntamos: “como é que eu nunca pensei em fazer isso antes?”

Conversamos com alguém que passou exatamente por isso e que hoje trabalha na Randstad como Recruiter.
O curso de Psicologia é assim: toda experiência é um oportunidade, você só precisa estar aberto para aprender.

Um relato de Paulo Sutti

O setor de Recursos Humanos nunca esteve tão consolidado no mercado de trabalho quanto ele o é atualmente. Ele é tão consolidado que, até em meio à crise, é um setor que recebe aportes. E eu ‘caí de paraquedas’ nesse setor.
Nunca atuei com nenhum dos subsistemas do RH durante a graduação: nada de estágio corporativo, tão pouco estágio pedagógico, nem ao menos trabalhos de disciplinas. Desenvolvi minhas atividades em outros meios, na área clínica, de pesquisa de campo, pesquisa social, na área teórica. Atuei como terapeuta, orientador, freelancer e monitor.
2 anos depois de formado, recebi um convite para um processo seletivo: Recruiter na Randstad. Para quem não conhece (e já adianto, conheçam!) a Randstad é a maior consultoria mundial em soluções de Recursos Humanos, com receita na casa dos US$60B. Surtei com o convite, especialmente porque a entrevista ia ser durante uma viagem que tinha, e tive de, com toda humildade do mundo, pedir que a minha possível gestora me esperasse 5 dias a mais.
Ela aceitou, fiz a entrevista por Skype, dois dias depois fiz uma entrevista presencial com o RH interno – pra quem não sabe, as consultorias de Recursos Humanos tem as áreas de negócio, que atendem os clientes, e a área interna, que realiza os processos de RH internos – e no dia seguinte estava aprovado para fazer a integração na próxima semana.
Entrei no prédio com cara de quem não sabe por onde andar, recebi meus equipamentos e acessos e, no mesmo dia, estava fazendo alinhamento com duas Recruitment Advisors sobre um projeto enorme para um banco enorme. Fui ‘na cara e na coragem’, com muita dedicação, e não me abati com nenhuma etapa. Precisávamos formar base de candidatos? Faço a triagem! Qualificar a base? Bora convocar! Reagendar todas as entrevistas? Já comecei a ligar para os candidatos! Conduzir reunião com o gestor de outra área? Venha com as planilhas e os notes que eu já estou descendo!
Depois de algum tempo (muitos sucessos e muitos tropeços) me dei conta de que a minha graduação não me ensinou nada do que eu estava fazendo. Mas, ao mesmo tempo, ela com certeza me recompensou com oportunidades de desenvolver as capacidades e ferramentas comportamentais que estava utilizando. E mais, me exigiu sempre mais do que eu poderia dar.
Então percebi que, mesmo sem nunca ter feito triagem de currículos antes, montar a bibliografia da minha pesquisa me ensinou a diferenciar o que era relevante do que não era. Mesmo sem nunca ter realizado uma convocação antes, fazer a sala de espera do Serviço de Aconselhamento Psicológico me ensinou a perceber muito rapidamente características superficiais, e direcionar adequadamente cada cliente. Mesmo sem nunca ter conduzido entrevistas e avaliado candidatos, preparar estudos de caso, raciocínios clínicos e estratégias de longo prazo me ensinaram como entender os recursos e pontos a se desenvolver de pacientes e orientandos. Mesmo sem nunca ter conduzido um alinhamento de perfil, organizar a agenda de provas e prazos e colocar frente a frente professores que ‘se cutucavam’ há décadas me ensinou a ter paciente, e a conduzir conversas difíceis das maneiras mais produtivas possíveis.
Se não tivesse cursado Psicologia, eu não teria entrado em contato com bases de dados estatísticas sobre demografia e nunca teria desenvolvido meu gosto por Excel e fórmulas. Se não tivesse conduzido uma Iniciação Científica, eu nunca teria aprendido o significado da tão famosa resiliência. Se não tivesse estudado psicologia comportamental, psicanálise e psicologia sociohistórica, nunca teria desenvolvido minha flexibilidade de percepção a ponto de conciliar visões completamente díspares em um único perfil profissional.
A minha conclusão é que o curso de Psicologia é assim: toda experiência é um oportunidade, você só precisa estar aberto para aprender com ela. E você nunca sabe quando vai querer pular de paraquedas.”

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