Inclusão e diversidade nas empresas | Entrevista com Andrea Schwarz

 

Formada em Fonoaudiologia na PUC – SP e CEO da iigual Inclusão e Diversidade há 22 anos, Andrea Schwarz concedeu uma entrevista para o Blog da PsicoPUCJr, para falar um pouco sobre Inclusão e Diversidade nas empresas. 

 

Como surgiu a iigual Inclusão e Diversidade? 

Minha trajetória como empreendedora social começou por acaso, em razão de uma adversidade que aconteceu na minha vida quando, aos 22 anos, adquiri uma deficiência e me tornei cadeirante. Típica situação que ninguém se prepara ou está preparado para enfrentar e que, quando acontece, vira sua vida de cabeça para baixo.

Junto com o Jaques Haber, meu namorado na época, hoje marido e sócio na iigual, percebemos que eu continuava sendo a mesma pessoa, mas a partir dali havia adquirido uma necessidade específica de locomoção. A cadeira de rodas não havia me transformado em uma nova pessoa, mas a sociedade sim. Eu passei a ser vista como uma “pessoa deficiente”, mas chegamos à conclusão que deficiente era a sociedade que não estava preparada estruturalmente ou culturalmente para pessoas como eu. Faltava (e ainda falta) acessibilidade, consciência, convivência e respeito por pessoas com algum tipo de deficiência.

Então veio o grande clique, o insight que mudaria nossas vidas para sempre. Eu e o Jaques tivemos a ideia de escrever o primeiro guia para pessoas com deficiência, o Guia São Paulo Adaptada que mapeou a cidade sob o ponto de vista da acessibilidade e dos serviços que eram oferecidos para pessoas com deficiência. Fomos totalmente disruptivos na época, há 20 anos atrás, colocando as pessoas com deficiência no papel de protagonistas, seja como consumidores, ou como profissionais.

Na época, a Lei de Cotas havia acabado de ser regulamentada e as empresas começaram a nos procurar para auxiliá-las na inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

Essa foi a origem do que é a iigual hoje, uma consultoria especializada em inclusão e diversidade em grandes empresas, que já ajudou a incluir mais de 18.000 pessoas com deficiência em quase 1.000 empresas.

É uma empresa que nasceu de um propósito, por conta da minha experiência de vida. Nossa missão é trabalhar pela igualdade de oportunidades. Por isso o nosso nome é iigual, porque queremos falar sobre inclusão e diversidade sob o ponto de vista da igualdade e não das diferenças. Nós valorizamos as diferenças e acordamos todos os dias motivados em contribuir para um mundo mais igualitário onde todas as pessoas possam competir e serem vistas em igualdades de condições, independente de possuírem deficiência, ou da sua raça e etnia, idade, orientação sexual ou qualquer outra característica.

Como podemos definir e diferenciar Inclusão e Diversidade?

Tem um ditado que diz: “diversidade é levar para a festa e Inclusão é chamar pra dançar”.

Diversidade está ligada a representação demográfica, ou seja, se são representativos do ambiente em que você atua. Já Inclusão é garantir que toda essa diversidade existente na empresa, por exemplo, tenha chances iguais de desenvolvimento e promoção.

Desde a publicação da Lei de Cotas em 1991 até as constantes conquistas sociais, como a percepção para o tema Inclusão e Diversidade têm mudado?

Sim, mudou muito de lá pra cá. A Lei de Cotas é um dos principais instrumentos de inclusão das pessoas com deficiência na sociedade. Através dela muitas pessoas se empoderaram e tiveram a chance de ter uma vida como qualquer cidadão: Com seus direitos e deveres! Através dessa Lei, e muitas vezes impulsionada por ela, as empresas tiveram que pensar em desenvolver Programas de Diversidade & Inclusão, trabalhar a questão da cultura interna, revendo e posicionando políticas afirmativas de diversidade e inclusão.

Como as empresas têm olhado para este tema atualmente?

Tenho visto uma grande movimentação das empresas encarando a Diversidade & Inclusão como estratégico para o seu negócio. Afinal, equipes plurais valorizam a escuta do próximo como forma de crescimento, ampliando as possibilidades, achando novas soluções, trazendo assim inovação e, consequentemente, lucro pro negócio. E isso é fundamental e faz toda diferença no crescimento e desenvolvimento de uma empresa. 

Algumas vezes temos a impressão que as empresas contratam PCDs com intuito de cumprir com a legislação e esquecem de criar um plano de desenvolvimento para este funcionário. Esta visão se confirma?

A grande mudança é de Mindset mesmo. Quando a empresa percebe que é benéfico para todxs o cumprimento da cota legal, vira uma consequência.

Quais os atuais desafios para os funcionários e para as empresas?

Perceber que uma equipe plural tem os seguintes benefícios no ambiente empresarial:

+ Humano, pois respeita as diferenças.

+ Democrático, ao oferecer igualdade de oportunidades para todos.

+ Rico, pois favorece a troca de ideias, opiniões e experiências de vida diferentes

+ Inovador, ao reunir talentos com experiências de vida e visões de mundo de diferentes pontos de vista.

+ Moderno, porque está alinhado aos novos valores da sociedade.

+ Inteligente, porque tira proveito de toda a diversidade humana.

+ Representativo, porque é um microcosmo da sociedade e da diversidade humana.

+ Lucrativo, já que a riqueza de ideias permite a criação de serviços e produtos mais alinhados às necessidades dos clientes.

Como os profissionais de Recursos Humanos e áreas como a Psicologia, Fonoaudiologia e demais áreas podem contribuir com a Inclusão e Diversidade nas empresas e na sociedade?

Primeiro passo é ter informação. Procurar se aprofundar na temática e conhecer os públicos minorizados. Já somos diversos, cada um com suas características, histórias de vidas…

 

 “Quando você olha para uma pessoa com deficiência fica muito claro o que ela não consegue fazer. O desafio é enxergar o que ela pode fazer” – Andrea Schwarz

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